sábado, 22 de maio de 2010

Loucura Metafísica (restante)

Decidi postar tudo de vez, porque não queria passar oito posts sem fazer nada.

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II

Ele era apenas uma única criatura.
Dessa vez ao olhar no espelho,
fez as cortinas se abrirem de novo,
e os dois seres agora conversavam novamente.

Não me peçam para explicar,
aonde a criatura vai parar
sempre que os dois seres
passam a conversar.

- Então, quimera? Adiantou de quê?
Na multidão você é só mais um louco.
Não passa de uma boa arma em mãos alheias.

- Meu amigo de sorriso enigmático, é isso que você vê?
De fato. Não aguento mais e meu grito é cada dia mais rouco.
Me pareces ter um plano, tua cabeça anda, de ideias, cheias?

- Daqui até ali, deixe que eu tome as decisões,
te digo isso e nada mais.
- Você deve ter as suas razões.
Então, apenas mostre do que é capaz.

Agora, dorme a quimera, enquanto a criatura acorda.
Em seu interior, apenas um cínico sorriso
influenciando suas ideias e motivações.
É. Acho que agora o mundo vai ter surpresas.

III

Tempos passam, e ah! como é doce o sabor.
Sabores... Tantos existem, não é mesmo?
Qual seria o mais... saboroso?
Não sei dizer, são tantos. Mas com certeza... Vingança é doce.

A criatura regozijava de seus novos atos.
Sua confusão parecia ter sanado.
Mas e o desejo de ser aceito?
A quimera então acorda e vê
todo aquele mundinho que ela quis
de ponta-cabeça, ou seria um novo mundo.

- Oh! Olá, minha cara Quimera. Vês como anda bela a minha arte?
- Isso que chamas de arte eu chamo é de disparate!
- Ora! Não sejas ingrata, agora ninguém nos faz mal!
- Ah claro, mas qual a graça dessa nova vida banal?

Era de se esperar,
a quimera e seu companheiro,
brigarem por isso de "na mesma moeda pagar",
mas nessa briga, não houve o tiro certeiro.

- Eu não aguento mais esse barulho na minha cabeça!

Sim meus caros, a partir daí a criatura,
independente de acordar ou dormir,
ouvia as eternas brigas, mas nada fazia.

Por quê? Não eram vocês que achavam
que tudo isso era imaginação?
Então me expliquem...
...Como se intrometer no que não existe?

IV

A criatura tentou viver
independente do que dizia
a quimera inocente
e o rapaz da aura vampiresca

mas quem era a criatura agora?
o que era? o que seria? o que faria?
Particularmente não faço ideia, mind you,
mas contarei o que se sucedeu.

a criatura negou a própria alma.
resolveu inventar uma nova.
algo montado por pedaços,
frankenstein homenageado.

Mind you again, não deu certo.
Diria até que isso piorou tudo.
O engraçado disso
é que ele foi capaz de aprender
mesmo sem alma.
Pois ainda restava-lhe a mente.

Ora ora, não seria a mente
a criadora de tais imaginações?
Sapiência! A quimera e seu companheiro
voltam a cena para um confronto final.
Vivência, experiência!
Acabaram-se as rimas e é hora de sinceridade.

V

- Meu estranho amigo de aura tenebrosa e sorriso sarcástico
acho que chegou a hora de pensarmos grande.
Como diria aquela música "I always aimed to please, but I nealy died"
E penso mesmo, que não valeu nem um pouco a pena.

- Então minha cara quimera, está pronta para aceitar
que meus métodos estavam certos até então?
Vamos, diga logo, estou ansioso por suas palavras.

- Pensei que você fosse mais maduro do que eu,
mas vejo que é tão ingênuo quanto.

- Mas que porcaria é esta que me dizes?

- Simples. Até agora nem eu, nem você,
nem esta pobre criatura que nos abriga, acertou.

- O que me dizes é um absurdo!
Até agora meus atos nos livraram de muitas enrascadas!
E a única coisa que fizestes foi ser usado!

- Baixe a voz, não sou surdo, muito menos seu serviçal.
Ambos eu e você, e esta criatura também,
tivemos nossos acertos, mas nossos erros foram vitais.
Não me espanta os momentos temporários de "Agora está tudo certo".

- Então me diga o que crês de fato?
Me intriga essa ideia tua,
me diga que sentido tudo isso tem.

- Não te respondo, porque sozinho tens que ver.
E assim quem sabe, juntos, faremos isso dar certo.

- Mas isso é muito estranho.

- Estranho você diz,
como se por acaso toda essa história fosse normal.

- Não me fale besteiras agora, estou duvidoso!
Geralmente é você quem é cheio de dúvidas,
eu sou o decidido! Por que isso agora? Ah...

- Percebeste finalmente?
Somos, você e eu, parte de um.
Somos fração. 1/2 de 1 inteiro.
Tão diferentes, mas iguais. Feitos para serem unidos.

- Na verdade não havia percebido nada.
Fingi descobrir para você soltar a resposta.
Obrigado ainda assim, agora vejo tudo claramente.

- Ora! Você me enganou!
Não irás mudar nunca?!

- Claro que enganei. Essa é minha função, ser esperto. Mas enganaste numa coisa.

- Esperteza, malandragem, é só isso que você sabe fazer?
Em que raios eu me enganei?

- Sobre mudar. Me dizes que errámos por agirmos cada um por si.
Vamos mudar isso, então. Mas me diga, para a vida que sonhamos,
juntemos o que acertamos, mas em que você acertou?

- Na bondade.
- E eu?

- Na maldade.

VI

A criatura nada opina
ela apenas ouvia
seguia ou não seguia.
Mas a ideia parecia atrativa.

União. Dizem que é difícil confiar nos outros.
Pior é não confiar em si mesmo.
Isso deve piorar quando um é dois e dois é um.
Mas se um é dois, e dois mais um é três.
três cabeças agem melhor que uma.

A criatura nada opina,
ela apenas ouvia
seguia ou não seguia.
Mas vamos mudar isso.
Pois os três entre si tinham compromisso.
Agora questionar, a criatura claro que podia.

VIII

Não é aqui que a jornada chega ao fim.
A criatura, a quimera e o cínico,
ainda tinham muito chão a seguir.
Ao menos agora, o consenso parecia surgir.

- Então, o que me dizes é que a medida certa da tua bondade...
- ...Deve ser diretamente proporcional a tua maldade.
- É assim que seremos aceitos de verdade?

- Se essa teoria estiver certa, sim.
- E esse caos finalmente chegará ao fim.
- Mas a resposta do mundo não virá a vocês e sim a mim!

- Então quimera, o que tens a dizer?
- Tu, Criatura, és o corpo que nos representa, mas somos um agora. Para que temer?
- Simples, eu temo porque não quero nos ver sofrer.

Quando você pensa que finalmente tudo vai acabar,
é quando finalmente tudo está para começar.
Agora que a criatura tinha consciência,
assim como os dois que a habitam,
ela podia claramente ver.
Não adiantava ser um, ser outro,
agradar, se vingar.
Adiantava apenas ser.
Parece contraditório, mas veja bem:
Ele era apenas uma única criatura.
Não.
Ele era apenas uma criatura única.

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